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Mensagens : 364 Data de inscrição : 24/09/2011 Idade : 110
| Assunto: Mário de Sá-Carneiro - Quási Qui 2 Fev - 21:54 | |
| mais uma vez venho tentar dar vida ao fórum com boa literatura, no entanto, isto vos garanto, viver é algo que este Homem já não sabia fazer. VIII - Quási |
| Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além Para atingir, faltou-me um golpe de asa ... Se ao menos eu permanecesse aquém ...
Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído Num grande mar enganador d´espuma; E o grande sonho despertado em bruma, O grande sonho - ó dor ! - quási vivido ...
Quási o amor, quase o triunfo e a chama, Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ... Mas na minh´alma tudo se derrama ... Entanto nada foi só ilusão !
De tudo houve um começo ... e tudo errou ... - Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ... Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou ...
Momentos de alma que desbaratei ... Templos aonde nunca pus um altar ... Rios que perdi sem os levar ao mar ... Ânsias que foram mas que não fixei ...
Se me vagueio, encontro só indícios ... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas, Puseram grades sobre os precipícios ...
Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí ... Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi ...
Um pouco mais de sol - e fora brasa, Um pouco mais de azul - e fora além. Para atingir faltou-me um golpe d´asa ... Se ao menos eu permanecesse aquém ...
Paris 1913 - maio 13
Mário de Sá-Carneiro Poemas Completos Edição Fernando Cabral Martins Assírio & Alvim 2001 |
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| Assunto: Re: Mário de Sá-Carneiro - Quási Sáb 25 Fev - 10:12 | |
| O Recreio
Na minha Alma há um balouço Que está sempre a balouçar --- Balouço à beira dum poço, Bem difícil de montar...
--- E um menino de bibe Sobre ele sempre a brincar...
Se a corda se parte um dia (E já vai estando esgarçada), Era uma vez a folia: Morre a criança afogada...
--- Cá por mim não mudo a corda, Seria grande estopada...
Se o indez morre, deixá-lo... Mais vale morrer de bibe Que de casaca... Deixá-lo Balouçar-se enquanto vive...
--- Mudar a corda era fácil... Tal ideia nunca tive...
Paris,(8/11/99) Mário de Sá-Carneiro | |
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